Nos braços do HIP HOP
PROJETOS DE DANÇA DE RUA AJUDAM JOVENS A LIDAR COM PROBLEMAS SOCIAIS
Na tarde de sábado, enquanto o coreógrafo Nilberto Lima de Souza ajeitava as caixas de som na Escola de Ensino Médio Governador Celso Ramos, a professora Juliana Crestani ensaiava com a Companhia Joinvilense de Dança de Rua C.R. Crew na Casa da Cultura. Longe dali, Fabio Martelo e Malcolm promoviam mais um dia do Hip Hop Social (HHS) com adolescentes do Jardim Paraíso, em Joinville. Iniciativas como essas podem ajudar Joinville se tornar a cidade da dança o ano interio não só durante o Festival de Dança. Uma causa da cidade abraçada por A Notícia.
Os quatro elementos do hip hop unem os três projetos e são instrumentos para reforçar o caráter dos jovens e livrá-los dos problemas sociais. Do subúrbio de Nova York para as ruas de Joinville, o hip hop se despe do preconceito e da crítica social para ganhar força como movimento cultural.
"O hip hop surgiu para que as gangues parassem de brigar e resolvessem sua situação numa batalha de dança. É um movimento que trabalha com cidadania e valores", explica Nilberto. À frente do grupo Fúria das Ruas, da Escola Governador Celso Ramos, Nil coleciona três títulos do Festival de Dança de Joinville na modalidade dança de rua avançado. Mas é nos sábados, com os jovens do projeto, que ele realmente se encontra. "O grupo já nasceu com essa intenção de ser social", explica o coreógrafo.
Nil chega logo cedo, antes das sete horas. De tarde, a companhia dos quase 90 jovens que participam do projeto não o deixavam quieto. Ele só vai embora de noite, após o ensaio com o grupo avançado do Fúrias das Ruas.
O braço direito de Nil é a coordenadora do projeto, Janete Coelho de Souza. "Fazemos um trabalho voluntário. A maioria dos alunos são bolsistas e não pagam mensalidade, então o pouco que arrecadamos é pra comprar gasolina para buscar os equipamentos e a comida", salienta. O reforço do Fúria das Ruas vem da direção da Escola Celso Ramos e da Associação dos Pais e Professores.
A mesma intenção levou Juliana Crestani a criar a Casa do Hip Hop Arte Inclusiva (CHHAI), em março de 2004. A rotina é parecida com a da Nil: praticamente todos os sábados são dedicados às aulas gratuitas e oficinas. "Quem quiser, é só chegar aqui. Tem participante que faz aula de violino na Casa da Cultura e tem quem vem de bicicleta do Itinga", salienta.
As aulas de grafite, MC’s, DJ e dança urbana são frequentadas por crianças de cinco anos até adultos com mais de 30 anos. Em cinco anos, mais de três mil pessoas já participaram da CHHAI, incluindo o projeto de dança inclusiva para cadeirantes, o grupo de grafiteiros Kaos Crew e o grupo C.R. Crew.
No Jardim Paraíso, o Hip Hop Social dá seus primeiros passos. O projeto tem a chancela de duas feras do hip hop em Joinville, MC Malcolm, integrante do grupo 5º Elemento, e Fabio Martelo, fundador do Conexão Break-Style.
O HHS começou há quase dois anos, e desde o início de 2009 promove seus encontros no CEI Recanto dos Querubins, atendendo cerca de 30 adolescentes.
"A maioria são estudantes e alguns trabalham para ajudara família. Então serve também como entretenimento para eles", informa o MC Malcolm.
Texto de: EDSON BURG | JOINVILLE
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